Quando a renovada versão Rallye chegou às lojas na primeira semana de outubro, o Gol enfrentava uma incômoda pressão do Novo Uno e do Mille na disputa pelo topo no segmento de hatches. O Volkswagem, líder absoluto e com boa folga há mais de 20 anos, emplacou em setembro apenas 1.458 unidades a mais do que a dupla da Fiat (25.338 contra 23.880). O Rallye viria como um trunfo da marca para manter o Gol na dianteira.
Com apenas dois meses de mercado, parece que a versão “aventureira urbana” vem atendendo a expectativa da Volks. O volume de 1.150 unidades/mês projetado pela marca (5% do mix de vendas do Gol) está sendo cumprido, segundo informou a assessoria de imprensa da corporação. Apesar de ser um porcentual pequeno, é o suficiente para neutralizar a ameaça da Fiat. A diferença subiu para 3.634 unidades em outubro e fechou novembro com 5.415 emplacamentos pró VW.
A nova geração do Rallye realmente caiu no gosto daquele consumidor que busca um veículo mais completo e “quase exclusivo”, como é o perfil das séries especiais. A reportagem teve a oportunidade de avaliar a configuração com câmbio automatizado I-Motion. O carro enviado pela montadora era completo, com todos os opcionais: ar-condicionado, air bags, freios com ABS, volante multifuncional (com borbletas de troca de marcha), sistema de som com entradas USB, para iPod e para cartão SD, e interface Bluetooth. Tal pacote significa que os R$ 43.030 pedidos de fábrica pela versão, salta para R$ 50 mil com ela toda equipada. O ar-condicionado, por exemplo, agrega R$ 2.660 ao preço final.
De série, desde o acabamento com câmbio mecânico (a partir de R$ 40.370), o modelo traz vidros e travas elétricas, direção hidráulica, sensor de estacionamento, repetidores de setas nos retrovisores, spoiler traseiro e luz de leitura para passageiros do banco de trás. O computador de bordo I-System também vem de fábrica na transmissão automatizada.
Por fora, a receita é a mesma adotada pela picape compacta Saveiro Cross, que por sua vez se inspirou no novo CrossFox: para-choques diferenciados (o frontal, todo em plástico preto, tem apliques que simulam alumínio), adesivos exclusivos, spoilers pretos, faróis e lanternas com máscara negra e faróis de neblina que acumulam a função de luz de longo alcance. No interior, itens de personalização, como rede nas laterais dos bancos dianteiros, nome da versão bordado nos encostos, revestimento em tecido nas portas e console central pintado em preto.
Para deixar o carro um pouco mais off-road, o vão livre do solo foi aumentado para 15 cm. A diferença trouxe mais segurança ao transpor lombadas e ao trafegar por terrenos acidentados, pois livra o assoalho de raspadas indesejadas.
Porém, elevou o centro de gravidade, o que forçou a incorporação de novas molas e amortecedores para não deixar o carro tão instável nas curvas. Resultado: suspensão mais dura, que, aliada aos pneus com perfil mais baixo em relação a modelo convencional (205/55 aro 15 contra 170/55 aro 14), ficou mais sensível às irregularidades do piso. Quem busca extremo conforto no dirigir pode se irritar um pouco, no entanto as mudanças deixaram o hatch mais rígido e confiável em rodovias sinuosas.
O desempenho do motor 1.6 litro – 101 cv (g) e 104 cv (a) e torque de 15,4 e 15,6 kgfm, respectivamente – é o mesmo de sempre, bastante satisfatório, mesmo quando gerenciado pela caixa automatizada ASG. Responde prontamente nas ultrapassagens e retomadas em rodovia, principalmente quando a função “S” é acionada (modo esportivo de dirigir).
As mudanças de marchas são feitas com o giro lá em cima e, dependendo da velocidade, pode ocasionar trancos que certamente vão incomodar os mais exigentes. Neste caso, a troca via aletas atrás do volante é uma alternativa para reduzir esse incômodo. Na cidade, com álcool, o computador de bordo acusou um consumo médio de 6,5 km/l, enquanto que na rodovia foi de 9 km/l com o veículo carregado e transportando dois adultos e uma criança.